Top 10 Gringo – Kendrick Lamar sentou no topo e não sai. Kevin Morby lindo chega chegando. O rei Florence pega o terceiro

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* E o campeão do Top 10 segue sendo Kendrick Lamar. É que depois do poderoso single “The Heart Part 5”, ele apenas soltou um dos melhores álbuns do ano: “Mr. Morale & The Big Steppers”. Se uma música rendeu horas de discussão, imagine então um álbum que oferece tantas perguntas. Para se escutar repetidas vezes. E isso porque a semana foi ainda mais generosa e ofereceu bem mais coisas… Tipo um álbum de 2/5 do Radiohead… Ou um álbum zerado da Florence… Ou o retorno do My Chemical Romance…

1 – Kendrick Lamar – “United in Grief”
Kendrick Lamar elevou o jogo mais uma vez. Ou, como brincou no Twitter o produtor Nave, que já tocou produças de Emicida, Don L, Rodrigo Ogi, entre outros, “Artistas com trabalho em andamento, não venham pedir alterações”. Em “Mr. Morale & The Big Steppers, um álbum duplo mais por necessidade conceitual do que pelo tempo, Kendrick passeia pelos gêneros. Em um momento apela ao orgânico, então temos pianos e uma aura jazzística. Em outro, a coisa fica mais eletrônica. É, como se ele quebrasse a necessidade de ser uma coisa ou outra, algo que separou um pouco seus dois álbuns anteriores – “DAMN” e “To Pimp a Butterfly”. A quebra da violência na cultura é um dos motes do seu álbum – afinal, a quem custa essa violência generalizada?

2 – Kevin Morby – “This Is a Photograph”
Kevin Morby e seu indie meio country meio folk está de volta e de olho na emoção e no sentimento no álbum “This
Is a Photograph”, que tem um pouco o clima da canção título, uma reflexão leve ainda que muito profunda sobre o tempo e seu jeitão implacável. Diante disso, a fotografia vira um portal das lembranças, dos desejos e dos sonhos. É um pouco do papel que a música de Kevin tenta fazer por aqui.

3 – Florence and the Machine – “King”
Florence Welch escreveu “King” em um momento que considerou que talvez não conseguisse escrever mais nada, até que a música que lhe chegou inteira. Na letra, seu confronto com uma realidade que não considerou por muito tempo: por que ela teria que optar em ser mãe e ter uma carreira? Por que ela precisar ser a noiva ou a mãe? Seus ídolos homens nunca tiveram que lidar com essa questão: família ou carreira. Não que ela já tem uma resposta para essa angústia, mas a questão foi levantada.

4 – The Smile – “Free in the Knowledge”
Este recém-saído primeiro disco da banda The Smile, projeto que reúne a 2/5 do Radiohead (Thom Yorke e Jonny Greenwood) com o baterista Tom Skinner, parte de um grupo de jazz chamado Sons of Kemet, seria um disco fraco do Radiohead, um loop da banda. Porém, sendo uma jornada à parte, é um lindo comentário sobre 2022 de dois compositores brilhantes acompanhados de um jovem novo parceiro – a diferença entre eles é de mais ou menos dez anos. Interessante a sabedoria usada: para passos maiores, a banda, para passos menores, um projeto “paralelo”. Muita banda acabou sem perceber essa alternativa logo ali. Dito isso, tem pelo menos uma música fora da curva no disco: a belíssima e tensa “Free in the Knoledge”, esta aqui mesmo.

5 – Ogi – “Envy”
Ogi é uma voz em ascensão nos Estados Unidos. Vivendo em Los Angeles, filha de um casal nigeriano, ela sempre esteve por perto da música. Mas as coisas mudam um pouco quando ela descoberta pelo produtor No I.D., que já trampou com Jay-Z, Ye e John Mayer. Ali começa uma carreira em termos mais oficiais, digamos. Seu primeiro EP, que leva o nome de “Monologues”, chega chegando. Dá para classificar seu som como R&B, Neo Soul, mas com um toque diferente do habitual. É como se ela lesse o soul muito a partir do que o rap leu do gênero, saca? É um detalhe na filtragem que muda o sabor. Um toque a mais.

6 – Sports Team – “The Game”
A gente precisar reforçar nosso amor pelo Sports Team, que vocês já devem ter sacado. Filhotes do melhor do pós-punk, eles sempre estão ironizando levemente as obsessões da indústria. E não é diferente por aqui, tanto que trouxeram, para o vídeo da música, o John Otway, um artista britânico que se tornou cult com suas fracassadas tentativas de emplacar um segundo hit após um sucesso inicial.

7 – My Chemical Romance – “The Foundations of Decay”
Cerca de 12 anos após seu último disco, o My Chemical Romance retoma suas atividades. E parece que, livres de qualquer pressão comercial, a banda chega com liberdade total criativa. E isso é muito bom.

8 – Black Keys – “It Ain’t Over”
Lembra que tinha uma época em que a gente era apaixonado pelo Black Keys? Quem será que mudou mais? Nós ou a dupla do Ohio? Não sabemos a resposta, mas, em todo caso, está bem interessante esse novo álbum da dupla, “Dropout Boogie”. Vale essa chance para a dupla.

9 – Warpaint – “Champion”
A gente se sente ainda impelido a irradiar o “Radiate Like This”, novo disco da banda feminina californiana Warpaint, que nós gostamos bem. O disco, que saiu no começo do mês, primeiro álbum delas em seis anos, está cheio de pequenas pérolas deliciosas, como esta “Champion”, lançada como single em março e que não para de tocar em rádios legais. E aqui na nossa playlist também.

10 – Arcade Fire – “Unconditional I (Lookout Kid)”
Apesar da pancada de novos (e bons) lançamentos, é preciso manter a atenção firme no bom “WE” do Arcade Fire – que a gente resenhou mais longamente semana passada. Pelo menos, tem sido um prazer acompanhar a lenta divulgação que a banda vai fazendo pelos programas de TV pelo mundo (basicamente Reino Unido e Estados Unidos, para ficar numa piada contada por Ringo Starr em “Get Back). E nessa apresentação, especialmente a do Saturday Night Live, fica evidente a força deste hino motivacional que a banda fez. “Cause nothing is ever perfect/No one’s perfect/Lеt me say it again: no one’s perfеct “, em tradução livre: “Porque nada é perfeito/ ninguém é perfeito/Deixa eu repetir: ninguém é perfeito”

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* A imagem que ilustra as vinhetas do nosso ranking internacional são do rapper americano Kendrick Lamar.
** Este ranking é formulado por Lúcio Ribeiro e Vinícius Felix.

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